Mentiras
Meu amor, pela primeira vez estas palavras serão somente
sobre mim. O tempo passou e com ele fui me tornando amante da solidão, troco
até sua doce companhia por uma tarde sozinha, um bom livro, silencio perturbador.
As palavras tornaram-se minhas melhores amigas, confidentes, de segredos inconfessáveis. Falar, já não tem sentido, prefiro guardar comigo, evito assim o desgaste de tanta explicação. Nem ao menos a você, que de mim arrancou tantos segredos, simplesmente, meu bem, já não sei falar, mal posso me expressar enquanto tantas guerras são travadas em meu coração. Se desaprendi a amar ou apenas tornei-me mais racional, fria talvez, eu não sei.
Apenas amor, confesso-te agora, que há mais segredos de
batalhas perdidas que as boas lembranças que me mantinham viva . Neste últimos tempos, muito vi e ouvi, aprendi
a mentir e pior ainda, mentir a mim mesma. E se amanha eu não enviar-te está
carta, talvez será porque mudei, ou menti outra vez, nessas palavras ou na
falta delas, só resta saber para quem.
Tayná Bravin
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