Talvez


Talvez
   A lua brilha, encoberta apenas por nuvens rasas, eu a vejo através dos fios que acompanham toda a avenida. É uma noite calma, e a vida segue seu caminho sem interrupções, mesmo que assim, diferente, ao menos para mim, nada de especial me aconteceu, talvez seja só o cansaço me pregando uma peça, talvez algo tenha mudado em meu universo e, de antemão, tenho pressentido, ou do contrario, seja apenas minha alma se acalmando lenta e antecipadamente, preparando-se para um amanha agitado.
   O que sei, é que a uma profunda relação de amor e ódio tomando conta de todo o meu ser, a paz que está calmaria me da em conflito com a tristeza inexplicável que me abateu, talvez pela tarde fresca, que rara nesses tempos, tenha trago consigo tal sensação.
    Tudo, até a lua a tanto esquecida me chamando atenção, evoca a ideia de que eu deveria estar em qualquer outro lugar, fazendo qualquer outra coisa, como se, de repente, não fizesse parte disto ou daquilo, como se algo de estrema importância estivesse preste a abalar minha frágil fé, e assim já não me lembro de nada que creio, sem me referir a um ser superior e sim, as correrias que tomam os dias e planos de um futuro próximo.
     Sem que eu entenda o que sei e o que sou, a guerra continua a ser travada por pedaços quebrados de um alguém que já fui, sem memórias ou lembranças, tendo somente a essência de um passado remoto a seu favor, um amontoado de seres e personalidades, brigando entre si dentro de um corpo solitário, um grito abafado pelo tempo, ou pela falta dele talvez, calado por outra parte mais tímida, que por sua vez se esconde em uma carcaça que nada deixa transparecer.
     Tanta confusão sem pensamentos fixos, deve ser apenas efeito de um dia que me foi produtivo, algo referente aos olhos que são obrigados a permanecer abertos por mais algumas horas, ao corpo que pede pela cama e um pouco de silêncio, como já foi dito, ou o pressentimento ou o cansaço, e que o último vença, pois agora desperto e vejo que os carros passam rapidamente, ainda que me pareçam lentos,  é hora de me juntar a eles, um pouco de transito, e talvez ainda chegue sã ao que chamo de lar.
Tayná Bravin

Moleque

 Moleque

Ele troca de amor como troca de roupa, mente com mais frequência do que toma café, machuca, se faz de coitado, da dó, até você conhecer. Deixa por ai milhões de corações partidos, injusto, diz apenas que o mundo é assim. Malandro, se aproveita da fragilidade, se faz tímido até conquistar, da seu bote, depois parte. Só mais um moleque bom de lábia que ainda à de terminar sozinho. 

Talvez um dia, acorde e perceba, que de esperto pouco tem, é um fraco que nada possui, um qualquer, facilmente substituído. Um dia ele aprende, que cada sorriso vira lagrima, que seus deboches o fizeram sozinho, muito se divertiu, mas na hora da dor, não á ninguém, jogado no chão do quarto, sem saber onde errou, condena o mundo, culpa a todos, incapaz de se assumir autor de sua desgraça, a ele apenas nosso velho ditado, só colheu, o que plantou. 

Tayná Bravin


Só Ele


Só Ele

Existe nele, algo que me fascina, talvez seja o olhar que me prende ou o sorriso que me acalma, deve ser algo em sua voz ou em sua expressão alegre e cansada que me permite confidenciar qualquer coisa, ele tem algo que me encanta, alguma coisa entre a determinação do homem e a ansiedade do menino, talvez sejam suas palavras doces ou a voz manhosa de quem tem sono.

Há algo de muito especial nele, algo no modo como me segura e na maneira com que me olha, pois quando ele chega, o mundo inteiro se reduz a nada, e assim descubro, o que ele tem é paz, contudo, ele diz que está paz está comigo, retorno assim ao inicio, pois está nele o que preciso, termino sem maiores respostas, pois é ele, a força dele, o carinho dele, a presença dele, que resgata o melhor de mim. 

 Tayná Bravin

Qualquer Especie de Inferno


Qualquer Especie de Inferno

Mente quem diz, que o inferno é um só, que esta abaixo da terra, e qualquer erro lhe tem como destino. Este inferno, pode existir, pode estar lá e ter formas especificas de adquirir uma passagem, mas certamente, não a esse que ei de me referir. O pior inferno que conheço, esta dentro de nós, são alimentados por nós, nos prendem a correntes grossas, queimão nos a alma, agitam nossos corpos, preenche-nos de breu. Estão lá, ocultos, dentro de cada ser, alguns maiores que outros, alguns mais ignorados que outros, mas estão lá, para quem cair em suas armadilhas. Para quem se entregar as lamurias, para quem não suportar o fardo de viver, fogem para dentro de si, mas este é um labirinto perigoso, pode te levar a um total estado de paz ou á desgraça.

Outro tipo de inferno é o que vem de fora, é este o caminho mais certo para o de dentro, não generalize, alguns tem mais paz que outros e escapam facilmente, mas existem aqueles, que gostam da dor, a fazem companhia, e por fim, se tornam instrumento dela. Este inferno é construído pelos fatores, pessoas, dores, dificuldades, grades e uma lista infinitas de arrependimentos. Nós bem sabemos que frases de auto ajuda não funcionam, e que quem cai em desgosto caminha cada vez mais para dentro, só há uma maneira de sair, e é querer, é lutar, arrancar as correntes, fácil de falar se não viu, para o inferno há muitas portas de entrada e poucas de saída.

O portal mais secreto está nas lembranças, pois a cada vez que retornam trazem olhos amargos de quem sabe ferir, os olhos, a passagem direta para o inferno dos outros, onde a inveja, a vaidade e as altas quedas para a mentira constroem o ser perfeito para espalhar sua doutrina,  o egoismo, a dor, e por ultimo, mas nada menos importante o ódio. Os olhos, o inferno que apavora almas puras, coíbe as indecisas e alia-se silenciosamente a outros demônios. A passagem para a verdade, tendo o poder de enganar, mas para lhe ser sincera, abusando um pouco da realidade que os infernos do mundo escondem com tanto pudor, só não vê essa porta quem pelo corpo escolheu se enganar.

 Ironias, risadas, um espelho quebrado, você comanda seu inferno ou ele comanda você?

Tayná Bravin

Mais Uma Vez


 Mais Uma Vez

Está bem, paro começo de conversa, quem você pensa quem é? acha mesmo, que pode chegar quando a solidão me domina, me mostrar o mundo alem dela, e embarcar nesse trem? Antes não tivesse me mostrado, tudo aquilo que preciso, por que agora você parte, dizendo que me ama e que me quer bem. Suma da minha frente, ou melhor, fique mais um pouco, me explique essa bagunça, que só você entendeu, não me jogue novante, neste lugar escuro, ele nunca me fez bem.

Sei o quanto isto é egoísta, e dito isto, espero que entenda que você não pode escolher ir embora, espero que perceba que não pode ignorar meu chamado, que não faz sentindo me deixar gritando por ti, que não pode me deixar implorando que fique. Espero que diga-me que não é tão simples quanto pegar uma mala, enche-la com coisas necessárias e lembrar-se onde está o cartão de embarque, espero que diga que não quer ir, e fique, fique mais esta noite, diga a todos que perdeu o trem e que isso lhe foi dado por sinal, que não pode ir embora, porque eu estou aqui.

Você esta entrando em um trem que te levara para longe, você diz que me ama, me pede que entenda, mas quem pensa que é, me pede que o espere, mas a vida não há de me esperar, siga comigo, ou ao fique mais esta noite, me deixe chorar em seu colo, me explique de novo seus mil motivos para partir, não seja capaz de me deixar fingir um sorriso, você sabe que é mentira, mas como eu você também finge, e assim você parte, eu me silencio, não sei implorar, se pudesse, se quisesse, ficaria. assim você parte, dizendo que volta e eu que te espero, ambos conhecemos bem esta mentira, só acredita quem quer, é impossível voltar ao passado, é impossível impedir o tempo de passar, assim cada um segue por uma direção, hoje você estra nesse trem me fazendo juras de amor, amanha, eu embarco jurando a alguem, mas nem eu nem você retornaremos a esta estação, nos sabemos, mentimos, acreditamos, partimos, essa não foi a primeira, e não sera a ultima vez.


Tayná Bravin