Doce ilusão de criança


Doce ilusão de criança 


Eu nunca pude compreender seus motivos, eu ficava a vigia-lá por horas e horas, imóvel em frente a velha e grande janela. Até que certa manha, ela já não estava mais lá, partiu deixando-me apenas uma carta, preciso ser feliz, era o dizia o papel para uma garota de 12 anos. Lembro-me que sentei em em frente a janela por algumas horas, esperando por uma mãe que não retornaria jamais. Por fim, levaram-me de minha casa, uma tia distantemente me acolheu com carinho e velou minhas noites conturbadas, a ela sou grata, embora ela mesma não compreenda o que passei. Psicologo algum foi capaz de curar a magoa e a culpa que eu sentia, papai noel nenhum deu-me o presente que queria, e sonho algum foi doce como os que eu tinha. Volto a está casa dez anos depois, tudo está no mesmo lugar, cada objeto está aonde ela deixou, odiava bagunça, me lembro bem, eu mantinha tudo em ordem para fazê-la sorrir, mas ela não sorria, nunca sorria. Encaro essa casa velha e me sento em frente janela, como um ritual a ser cumprido, hoje eu entendo que todos merecem felicidade, mas meu coração de criança ainda questiona por eu não pude fazê-lá feliz . Em dez anos perambulei entre o ódio e a saudade, e agora, em frente a velha e grande janela, ainda espero que volte e me coloque para dormir. Doce ilusão de criança. 

Tayná Bravin

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